Palestrantes do último dia de Congresso. |
O
segundo e último dia do ciclo de palestras do V Congresso Nordestino de
Engenharia Florestal – CONEFLOR e VI Semana Acadêmica de Engenharia Florestal –
SAEF, contou com temas diversos como a modelagem da produção florestal, manejo
florestal sustentável da Caatinga e tecnologia de produção de sementes
florestais. Palestrantes de renome e grande experiência na área versaram sobre
assuntos importantes e inovadores, a exemplo, das redes neurais artificiais. O
engenheiro florestal Dr. Renato Castro, professor da Universidade Federal de
São João Del-Rei, destacou que a modelagem individual de crescimento por árvore
é muito interessante para uso em povoamentos de espécies nobres, pois o
rendimento na hora do desdobro deve ser mais rigoroso para evitar desperdício e
possibilita saber qual problema pode acontecer no povoamento para que se faça
uma intervenção mais precisa.
Outro
assunto discutido foi sobre o uso da vegetação da Caatinga de forma sustentável
pelo olhar socioeconômico e das políticas públicas existentes para seu manejo. O
engenheiro florestal e então representante do Ministério do Meio Ambiente,
Francisco Barreto Campello, frisou a dificuldade de implantação e manutenção de
planos de manejo na região do Semiárido brasileiro devido à burocracia dos
órgãos de controle ambiental. O engenheiro alertou sobre um empasse produtivo e
ambiental existente em que as áreas produtivas propostas para planos de manejo
na Caatinga são tidas como áreas de proteção, dificultando a aceitabilidade dos
produtores ou até inviabilizando o empreendimento. "Às vezes o agricultor,
o produtor rural, que vive da biodiversidade e conhece o comportamento da vegetação
e faz uso dela é marginalizado”, destaca Campello. A temática continuou a ser
discutida na fala da engenheira floresta, Dra. Isabelle Jacqueline Meunier,
professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, na qual destacou que a
maior parte dos planos de manejo no Estado de Pernambuco é para produção de
lenha, esta destinada, principalmente, para os polo gesseiro da região do
Araripe. Durante sua palestra, Isabelle Meunier destacou que a maior parte das
espécies que são extraídas dos planos de manejo para uso como lenha são
espécies com potencial de produção de madeira para usos nobres.
Marcos
Antônio Drumond, pesquisador da Embrapa Semiárido, apresentou resultados de
diversas pesquisas que a entidade vem desenvolvendo desde a década de 1980. O
pesquisador destacou estudos com diversas espécies de Eucalyptus objetivando desenvolver materiais adaptados às condições
de déficit hídrico da região do Semiárido. Conforme os dados apresentados, o E.
camaldulensis mostrou bom
desenvolvimento e produção em volume em testes realizados em oito sítios
diferentes em Estados do Nordeste. Além das experiências com Eucalyptus as espécies nativas tiveram
seu espaço nos testes, sendo que já foram determinadas espécies certas para
lenha, carvão, madeira para cercas. "As chuvas determinam até as melhores
espécies da caatinga para serem aproveitadas. As pesquisas estão avançando, a
iniciativa privada está chegando com o investimento”, relatou.
Fechando
o dia de palestras, a engenheira florestal, Dra. Fátima Marques Piña-Rodrigues,
professora da Universidade Federal de São Carlos, pesquisadora da área de
tecnologia de sementes florestais, tratou em sua explanação sobre o contexto
atual da produção de sementes para atendimento de diversos programas e projetos
de conservação e restauração florestal no Brasil. A mesma relatou que a demanda
por sementes florestais das mais variadas espécies nativas é grande. Segundo a
pesquisadora, para atender à demanda do Plano Nacional de Recuperação da
Vegetação Nativa – PLANAVEG seriam necessárias em torno de 16 t/ha de sementes,
pensando na semeadura direta. “Nós não temos tudo isso”, alertou Fátima. A
mesma frisou a importância de se investir em pesquisas voltadas para o estudo a
nível de espécie e que ainda se necessita de pesquisas básicas voltadas para as
nativas principalmente do grupo das espécies clímax.
O
V Congresso Nordestino de Engenharia Florestal terminou com uma cerimônia onde
reuniram-se todos os participantes para divulgação dos melhores trabalhos
apresentados dentro da quatro grandes áreas da Engenharia Florestal – Manejo
Florestal, Silvicultura, Conservação e Tecnologia de Produtos Florestais -. Os
melhores trabalhos de cada área receberam certificação especial pelo mérito
alcançado pelos autores. Finalizando, O V CONEFLOR foi encerrado com a
divulgação da próxima universidade que receberá a próxima edição que ocorrerá
na Universidade Federal do Semiárido – UFERSA, na cidade de Mossoró-RN.
Esta
quinta edição contou com a participação de quase 300 inscritos e um total de
275 trabalhos científicos aprovados.