sexta-feira, 15 de julho de 2016

VEJA COMO FOI O ENCERRAMENTO DO V CONGRESSO NORDESTINO DE ENGENHARIA FLORESTAL

Palestrantes do último dia de Congresso.
O segundo e último dia do ciclo de palestras do V Congresso Nordestino de Engenharia Florestal – CONEFLOR e VI Semana Acadêmica de Engenharia Florestal – SAEF, contou com temas diversos como a modelagem da produção florestal, manejo florestal sustentável da Caatinga e tecnologia de produção de sementes florestais. Palestrantes de renome e grande experiência na área versaram sobre assuntos importantes e inovadores, a exemplo, das redes neurais artificiais. O engenheiro florestal Dr. Renato Castro, professor da Universidade Federal de São João Del-Rei, destacou que a modelagem individual de crescimento por árvore é muito interessante para uso em povoamentos de espécies nobres, pois o rendimento na hora do desdobro deve ser mais rigoroso para evitar desperdício e possibilita saber qual problema pode acontecer no povoamento para que se faça uma intervenção mais precisa.
Outro assunto discutido foi sobre o uso da vegetação da Caatinga de forma sustentável pelo olhar socioeconômico e das políticas públicas existentes para seu manejo. O engenheiro florestal e então representante do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Barreto Campello, frisou a dificuldade de implantação e manutenção de planos de manejo na região do Semiárido brasileiro devido à burocracia dos órgãos de controle ambiental. O engenheiro alertou sobre um empasse produtivo e ambiental existente em que as áreas produtivas propostas para planos de manejo na Caatinga são tidas como áreas de proteção, dificultando a aceitabilidade dos produtores ou até inviabilizando o empreendimento. "Às vezes o agricultor, o produtor rural, que vive da biodiversidade e conhece o comportamento da vegetação e faz uso dela é marginalizado”, destaca Campello. A temática continuou a ser discutida na fala da engenheira floresta, Dra. Isabelle Jacqueline Meunier, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, na qual destacou que a maior parte dos planos de manejo no Estado de Pernambuco é para produção de lenha, esta destinada, principalmente, para os polo gesseiro da região do Araripe. Durante sua palestra, Isabelle Meunier destacou que a maior parte das espécies que são extraídas dos planos de manejo para uso como lenha são espécies com potencial de produção de madeira para usos nobres.
Marcos Antônio Drumond, pesquisador da Embrapa Semiárido, apresentou resultados de diversas pesquisas que a entidade vem desenvolvendo desde a década de 1980. O pesquisador destacou estudos com diversas espécies de Eucalyptus objetivando desenvolver materiais adaptados às condições de déficit hídrico da região do Semiárido. Conforme os dados apresentados, o E. camaldulensis mostrou bom desenvolvimento e produção em volume em testes realizados em oito sítios diferentes em Estados do Nordeste. Além das experiências com Eucalyptus as espécies nativas tiveram seu espaço nos testes, sendo que já foram determinadas espécies certas para lenha, carvão, madeira para cercas. "As chuvas determinam até as melhores espécies da caatinga para serem aproveitadas. As pesquisas estão avançando, a iniciativa privada está chegando com o investimento”, relatou.
Fechando o dia de palestras, a engenheira florestal, Dra. Fátima Marques Piña-Rodrigues, professora da Universidade Federal de São Carlos, pesquisadora da área de tecnologia de sementes florestais, tratou em sua explanação sobre o contexto atual da produção de sementes para atendimento de diversos programas e projetos de conservação e restauração florestal no Brasil. A mesma relatou que a demanda por sementes florestais das mais variadas espécies nativas é grande. Segundo a pesquisadora, para atender à demanda do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa – PLANAVEG seriam necessárias em torno de 16 t/ha de sementes, pensando na semeadura direta. “Nós não temos tudo isso”, alertou Fátima. A mesma frisou a importância de se investir em pesquisas voltadas para o estudo a nível de espécie e que ainda se necessita de pesquisas básicas voltadas para as nativas principalmente do grupo das espécies clímax.
O V Congresso Nordestino de Engenharia Florestal terminou com uma cerimônia onde reuniram-se todos os participantes para divulgação dos melhores trabalhos apresentados dentro da quatro grandes áreas da Engenharia Florestal – Manejo Florestal, Silvicultura, Conservação e Tecnologia de Produtos Florestais -. Os melhores trabalhos de cada área receberam certificação especial pelo mérito alcançado pelos autores. Finalizando, O V CONEFLOR foi encerrado com a divulgação da próxima universidade que receberá a próxima edição que ocorrerá na Universidade Federal do Semiárido – UFERSA, na cidade de Mossoró-RN.
Esta quinta edição contou com a participação de quase 300 inscritos e um total de 275 trabalhos científicos aprovados.